quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Para procurador, é "mito" que Lava Jato vá transformar o País

Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, disse que "sistema é cancerígeno"
Agência Estado
Dallagnol afirmou que sociedade brasileira precisa mudarJoel Rodrigues/Framephoto/Estadão Conteúdo – 22.6.2016
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou na manhã desta quarta-feira (10) que a operação não vai mudar o País por si só, mas que pode representar um ponto de apoio no combate à corrupção. Na avaliação do procurador, a Lava Jato trata de um "câncer", mas o sistema brasileiro é "cancerígeno", com condições que favorecem a proliferação de irregularidades.
— Apesar da Lava Jato não transformar o País, ela traz um momento muito propício. A Lava Jato pode ser um ponto de apoio, ela quebra o cinismo, o cinismo é o último golpe, o golpe mortal da corrupção. A Lava Jato nos faz acreditar que as instituições podem, sim, funcionar.
O procurador foi um dos palestrantes do evento "Democracia, Corrupção e Justiça: Diálogos para um país melhor", promovido por uma instituição de ensino superior, em Brasília.
Ao comentar os desdobramentos das investigações, Dallagnol citou dois "mitos" em torno da operação.
— O primeiro mito é que a Lava Jato vai transformar o País. Ela trata de um câncer, um tumor, o que ela vai conseguir é recuperar o dinheiro desviado, mas o sistema é cancerígeno. Precisamos tratar das condições que favorecem a corrupção no Brasil. O segundo mito que gostaria de descartar é que um grupo de pessoas vai mudar o País. Nós só mudaremos o País quando nós, sociedade, nos mobilizarmos.
Dallagnol voltou a afirmar que o Brasil é o "paraíso da impunidade", com um ambiente propício ao florescimento da corrupção.
— Não podemos perder a nossa capacidade de nos indignar com a injustiça. O caso Lava Jato não vai resolver o problema da corrupção, a mudança de governo não é caminho andado [nesse sentido]. Precisamos depositar nossa confiança não sobre pessoas ou grupos, mas sobre instituições.
Cultura
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, por sua vez, destacou que a "percepção social" em torno da corrupção aumentou no Brasil ao longo dos últimos anos.
— O enfrentamento da corrupção produzirá uma mudança cultural muito relevante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário