Moro aceita denúncia e mulher de Eduardo Cunha vira ré na Lava Jato
Por não ter foro privilegiado, processo contra ela tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba
O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), aceitou nesta quinta-feira (9) denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra Cláudia Cruz, mulher do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB). Agora, ela é oficialmente ré na Operação Lava Jato.
O processo contra a mulher de Cunha, que responderá pelo crime de lavagem de dinheiro, envolve a investigação de cerca de US$ 1 milhão em propinas de contratos da Petrobras. Cláudia também é acusada por evasão de divisas.
Anteriormente, o R7 informou que Moro havia aceitado também denúncia contra a filha de Eduardo Cunha, Danielle Dytz da Cunha, o que a tornaria ré na Lava Jato. No entanto, Danielle não faz parte desta denúncia e, portanto, não é ré da Lava Jato.
Na denúncia, o MPF diz que Cláudia participou do "núcleo político", que era formado por "agentes políticos que recebiam propinas do esquema criminoso em troca da manutenção no cargo dos diretores corruptos nos respectivos cargos".
— É nesse núcleo que se insere o deputado federal afastado EDUARDO CUNHA, companheiro da denunciada CLAUDIA CRUZ, a qual se beneficiou dolosamente dos crimes praticados pelo congressista, convertendo o dinheiro proveniente dos crimes praticados em bens de luxo.
Moro diz, em seu despacho, que "as provas, portanto, indicam, em cognição sumária, que o Deputado Federal Eduardo Cosentino da Cunha foi beneficiário de acertos de propinas havidos em contrato da Petrobrás, celebrado no âmbito da Diretoria Internacional ocupada por Jorge Luiz Zelada, e que utilizou contas secretas no exterior para receber, ocultar e dissimular o produto do crime. Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira teria pago a propina, enquanto João Augusto Rezende Henriques a intermediado".
— A acusada Cláudia Cordeiro Cruz, esposa do parlamentar, teria se beneficiado de parcela do produto do crime, utilizando ainda expedientes para ocultar o seu recebimento e a sua fruição.
A decisão de Moro ocorre uma semana após Claudia Cruz ter prestado depoimento, em que falou que o marido autorizava gastos feitos por ela.
Claudia administrava uma conta bancária na Suíça que, segundo as investigações, foi irrigada com dinheiro de corrupção. Os cartões de crédito vinculados à conta foram usados para custear viagens da família.
Os gastos apurados foram na casa de milhares de dólares, com hospedagem em hotéis cinco estrelas, jantares em restaurantes renomados e compras em lojas de grife, em Nova York, Miami, Orlando, Barcelona, Zurique, Paris, Roma, Lisboa e Dubai.
Apenas a uma operadora de cartões de crédito, Claudia Cruz desembolsou US$ 327.626,38 (cerca de R$ 1,1 milhão na cotação atual) entre 2008 e 2012. Segundo a denúncia, os valores são "provenientes de crime contra o sistema financeiro nacional consistente na manutenção de valores não declarados no exterior, de crimes praticados pela organização criminosa que se instalou na Petrobras e especialmente do delito de corrupção passiva praticado por Eduardo Cunha em face da companhia estatal".
Além de Cláudia, também se tornaram réus o empresário Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, João Augusto Rezende Henriques e o ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada.
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