Superpoder? Cientistas descobrem segredo do animal mais resistente do mundo
Há quem diga que ele parece um hipopótamo minúsculo. Outros acham que ele lembra um ácaro. Também é chamado de urso d'água. Mas o que faz o tardígrado (Ramazzottius variornatus) ser especial é a sua capacidade de ser quase imortal.
O animal microscópico, de 1,5 milímetro de comprimento, vive em diferentes ambientes aquáticos e consegue sobreviver ao impensável. Ele não morre mesmo quando exposto a temperaturas mais quentes do que água fervente ou próximas ao zero absoluto.
Ele também sobrevive fora da Terra, mesmo sob intensa radiação e pode ficar adormecido por anos, como se estivesse morto. Com uma gota de água ele acorda, se hidrata, e aumenta de tamanho.
Tanta versatilidade tinha que ser estudada e, por isso, ele virou o queridinho dos cientistas.
Para entender de onde vem tanta proeza, pesquisadores da Universidade de Tóquio sequenciaram o DNA do tardígrado. O estudo foi publicado na revista Nature Communications nesta terça-feira (20).
Eles descobriram que o ser tem em seu gene uma proteína capaz de resistir a danos causados no DNA. A descoberta sugere que essa proteína ajuda as células a tolerar ambientes extremos sem causar alterações no genoma.
Essa proteína inoculada em células humanas diminuiu os danos causados por radiação por raios-x e aumentou a tolerância contra radiação.
A descoberta da proteína, portanto, pode ajudar a criar mecanismos para proteger células humanas contra fatores externos, como a radiação e outros, segundo os cientistas.
Proteção contra raio-x
Na primeira sequência do genoma feita no Japão, os cientistas observaram que o DNA do tardígrado é formado por vários genes de outras espécies, o que pode explicar como ele adquiriu tantas características de resistência ao longo de sua evolução.
Ainda não se sabe como é que isso aconteceu. Segundo o pesquisador Takekazu Kunieda, há evidências de que essa transferência genética ocorreu de forma horizontal, sem reprodução, o que aumenta o mistério.
Embora ainda não esteja claro como essas adaptações se deram em nível molecular, os resultados sugerem que os tardígrados criaram estratégias únicas para lidar com ambientes extremos. E elas serão cada vez mais estudadas para encontrar mecanismos que melhorem a saúde humana.
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