Moro revoga prisão do ex-ministro Guido Mantega
Juiz tomou decisão após saber que ele acompanha a mulher em tratamento contra câncer
O juiz federal Sérgio Moro revogou a prisão do ex-ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma Guido Mantega. A decisão foi divulgada no começo da tarde desta quinta-feira (22), horas após ele ter sido preso temporariamente em São Paulo.
Mantega foi detido no Hospital Israelita Albert Einstein enquanto a mulher se preparava para uma cirurgia. A esposa do ex-ministro luta contra um câncer.
Em coletiva de imprensa, a Polícia Federal negou ter entrado no hospital para prendê-lo e disse que a detenção foi feita na área externa. Mesmo assim, o juiz Sérgio Moro concedeu liberdade a Mantega para que ele possa acompanhar a mulher.
"Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-Ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, MPF [Ministério Público Federal] e deste Juízo. Segundo informações colhidas pela autoridade policial, o ato foi praticado com toda a discrição, sem ingresso interno no Hospital. Não obstante, considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-Ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento. Procedo de ofício, pela urgência, mas ciente de essa provavelmente seria também a posição do MPF e da autoridade policial. Assim, revogo a prisão temporária decretada contra Guido Mantega, sem prejuízo das demais medidas e a avaliação de medidas futuras.Expeça-se o alvará de soltura. Encaminhe-se para cumprimento. Ciência ao MPF e à autoridade policial", justificou o magistrado no despacho.
As investigações apontam o pagamento de US$ 2,3 milhões de dólares feitos por Eike Batista ao marqueteiro João Santana e à mulher dele, Mônica Moura, por meio de uma conta em um banco suíço.
A Lava Jato apurou que Mantega teria solicitado os valores para quitar dívidas do PT com os marqueteiros das campanhas de Lula e Dilma. Naquela ocasião, o ex-ministro era também presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
"O pagamento estaria vinculado ao esquema criminoso que vitimou a Petrobras e a propinas também pagas a agentes da Petrobras no âmbito do contrato da Petrobras com o Consórcio Integra", diz Moro, em referência ao consórcio que a OXG — empresa de construção naval de Eike Batista — integrava para vencer contratos na petrolífera.
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