terça-feira, 23 de agosto de 2016

Contra mudanças de voto, Temer faz ofensiva sobre senadores nordestinos

AFP
Presidente interino, Michel Temer, em Brasília: ele se prepara para combater críticos
Presidente interino, Michel Temer, durante visita ao Parque Olímpico

A dois dias do início da fase final do processo de impeachment, o presidente interino, Michel Temer, abriu espaço na sua agenda nesta terça-feira (23) para receber senadores nordestinos que têm evitado se posicionar publicamente sobre a votação que definirá o destino da presidente Dilma Rousseff.
No final desta manhã, o peemedebista recebeu em audiência Edson Lobão (PMDB-MA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PSB-MA). Os dois últimos não têm declarado seus votos na fase final.
Os três maranhenses também estão na mira do Palácio do Alvorada na tentativa de evitar um placar de 54 votos favoráveis ao afastamento definitivo da petista. Na votação da pronúncia, os três votaram pelo prosseguimento do processo de impeachment.
No caso de João Alberto, até a véspera da votação, ele era considerado um voto certo em apoio à petista, mas mudou de posição de última hora após pressão do governo peemedebista.
Na tarde desta terça-feira (23), o peemedebista também tem agendas marcadas com os também senadores nordestinos Ciro Nogueira (PP-PI) e Eduardo Amorim (PSC-SE). Como o Nordeste é considerado um dos principais redutos eleitorais petistas no país, o receio do Palácio do Planalto é que os senadores sofram pressão de suas bases eleitorais para mudar o voto na fase final.
Além disso, teme que o discurso emotivo da presidente afastada marcado para a segunda-feira (29), no Senado Federal, possa virar votos na última hora.
Para evitar colocar suas digitais no processo de impeachment, a estratégia do presidente interino tem sido a de receber os indecisos para discutir projetos de interesse deles. Na saída do encontro, contudo, cabe a assessores presidenciais procurá-los para abordar sobre a votação no Senado Federal.
Para o julgamento que terá início na quinta-feira (25), a expectativa do Palácio do Planalto é conseguir pelo menos 62 votos, incluindo o do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), que ainda não decidiu se votará.
Em uma tentativa de dar uma demonstração de força política, o Palácio do Planalto tem feito acenos ao peemedebista, como os convites para que ele participasse do encerramento da Olimpíada do Rio de Janeiro e da reunião do G-20, nos dias 4 e 5 de setembro na China.
Além de Renan, o presidente interino trabalha para conseguir os votos de Otto Alencar (PSD-BA) e Elmano Férrer (PTB-PI), que se posicionaram contra o afastamento definitivo da petista durante a fase da pronúncia.
Além de atuar pessoalmente junto a indecisos, o presidente interino tem feito ofensiva para evitar que a votação estenda até o dia 31, atrapalhando sua viagem à China.
O Palácio do Planalto mobilizou a base aliada para que o processo termine no dia 29, já que ele terá que participar de uma cerimônia de posse no Congresso Nacional antes da viagem.
Caso o presidente interino se torne definitivo, ele avalia fazer um pronunciamento no Congresso Nacional durante cerimônia de posse.
O peemedebista também tem sido aconselhado a antecipar discurso em cadeia nacional de rádio e televisão que pretendia fazer no dia 07 de setembro. Ele, contudo, ainda não tomou uma decisão sobre o assunto.

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