quinta-feira, 14 de julho de 2016

Arqueólogos descobrem 'Pompeia britânica' em vilarejo destruído em incêndio


Arqueólogos na escavaçãoImage copyrightCAMBRIDGE ARCHAEOLOGICAL UNIT
Image captionOs pesquisadores trabalham em plataformas construídas sobre o sítio
Um vilarejo da Idade do Bronze (3.300 a.C. - por volta de 1.000 a.C.), apelidado de a "Pompeia Britânica", foi descoberto por arqueólogos da região de Cambridgeshire, no leste do Reino Unido.
O assentamento, construído majoritariamente de madeira, teria sido destruído por um incêndio apenas meses depois de sua construção - ao contrário da cidade romana de Pompeia, atingida pela erupção de um vulcão em 79 d.C.
Arqueólogos dizem que o sítio, batizado de Must Farm, oferece detalhes impressionantes e surpreendentes da vida cotidiana no período.
Durante 10 meses de escavações, os pesquisadores encontraram evidências da fabricação de tecidos finos, bem como a existência de hábitos alimentares variados e uma vasta rede de comércio.
Os postes que sustentavam as casasImage copyrightCAMBRIDGE ARCHAEOLOGICAL UNIT
Image captionPilares de madeira sustentavam as casas
Os arqueólogos encontraram restos de pelo menos cinco casas circulares construídas sobre palafitas - a região do assentamento fica em uma área pantanosa.
David Gibson, da Universidade de Cambridge, disse que o sítio permitiu que os arqueólogos praticamente "visitassem a vida na Idade do Bronze".
"A atividade doméstica é demonstrada desde o vestuário até móveis e dietas. Temos o que podemos chamar de casas completas", explicou.
As escavações revelaram que:
  1. Os habitantes da "Pompeia britânica" eram capazes de produzir tecidos de alta qualidade, como o linho. Algumas das amostras estão entre as melhores já encontradas em assentamentos europeus da Idade do Bronze.
  2. Restos mortais de animais sugerem que os habitantes comiam carne de javali, veado, vaca e peixe. Os arqueólogos também encontraram vestígios do consumo de mingau de grãos, algumas vezes em estado de preservação extraordinário (ainda nas tigelas em que foram servidos, por exemplo).
  3. Mesmo há 3 mil anos as pessoas pareciam ter um monte de pertences. Cada casa era equipada com potes de diferentes tamanhos, baldes e pratos de madeira, ferramentas de metal, pilões, armas, tecidos e contas de vidro - essas últimas, segundo os arqueólogos, eram de origem do Mediterrâneo ou do Oriente Médio e podem ter formado colares.
Os restos queimados de grãosImage copyrightHISTORIC ENGLAND
Image captionForam encontrados restos queimados de grãos...
A ponta de uma lançaImage copyrightHISTORIC ENGLAND
Image caption... e a ponta de uma lança, entre outros objetos
Usando testes que incluíam a análise da idade da madeira usada nas estruturas, os arqueólogos sugerem que as casas eram novas, tendo sido construídas apenas meses antes do incêndio.
Duncan Wilson, diretor-executivo da ONG Historic England, disse que o achado deverá transformar o conhecimento sobre a Idade do Bronze no Reino Unido.
"Temos uma extraordinária janela para ver como as pessoas viviam há 3 mil anos. Must Farm está desafiando uma série de percepções há muito tempo estabelecidas."
Conta de âmbarImage copyrightHISTORIC ENGLAND
Image captionPara arqueólogos, contas de vidro são indícios da existência de uma rede de comércio que pode ter chegado ao Oriente Médio
Amostra de tecido encontrada nas escavaçõesImage copyrightHISTORIC ENGLAND
Image captionAmostra de tecido encontrada nas escavações
TigelasImage copyrightCAMBRIDGE ARCHAEOLOGICAL UNIT
Image captionAo analisar tigelas, arqueólogos encontraram comida em algumas delas

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