quarta-feira, 11 de maio de 2016

Hillary, a primeira "candidata pró-ETs", atrai os fãs de óvnis

  • Patrick Semansky/AP
Quando Jimmy Kimmel perguntou a Hillary Clinton em um programa de entrevistas de fim de noite sobre óvnis (objetos voadores não identificados), ela corrigiu rapidamente a terminologia dele.

"Você sabe que há um novo nome", disse Hillary no programa em março. "É fenômeno aéreo inexplicado", ela disse. "FAI. Essa é a nomenclatura mais recente."

Conhecida por seu entendimento de políticas, Hillary tem falado extensamente em sua campanha presidencial sobre assuntos que variam da pesquisa sobre Alzheimer até as tensões militares no Mar do Sul da China. Mas é seu conhecimento incomum sobre extraterrestres que atrai um grupo dedicado de eleitores.

Hillary prometeu que fora quaisquer ameaças à segurança nacional, ela abriria os arquivos do governo sobre o assunto, uma mudança em comparação ao presidente Barack Obama, que geralmente desdenha o assunto como piada. A posição dela deixa exultantes os entusiastas de óvnis, que declararam Hillary como sendo a primeira "candidata ET".

"Hillary abraça o assunto com um nível absolutamente sem precedente de interesse na política americana", disse Joseph G. Buchman, que passou décadas pedindo por mais transparência sobre extraterrestres por parte do governo.

Uma candidata cautelosa que com frequência reclama de ser alvo de teorias de conspiração republicanas, Hillary exibe uma facilidade surpreendente em discutir a possibilidade de seres extraterrestres.

Ela disse em entrevistas recentes que, como presidente, divulgaria informação sobre a Área 51, a base remota da Força Aérea em Nevada que alguns acreditam ser um centro secreto onde o governo guarda informação confidencial sobre alienígenas e óvnis.

Em uma entrevista de rádio no mês passado, ela disse: "Quero abrir o máximo de arquivos que puder". Ao ser perguntada se acreditava em óvnis, Hillary disse: "Não sei. Quero ver o que a informação mostra". Mas ela acrescentou: "Há um grande número de histórias por aí e não acho que todo mundo fica sentado na cozinha as inventando".

Quando perguntada sobre extraterrestres em uma entrevista para o jornal "The Conway Daily Sun" em New Hampshire, no final do ano passado, Hillary prometeu chegar "ao fundo da questão".

"Acho que já podemos" ter sido visitados, ela disse na entrevista. "Não sabemos ao certo."

Apesar dos americanos geralmente apontarem assuntos como economia e terrorismo como as maiores prioridades para o próximo presidente, um desejo por respostas sobre alienígenas inspira um bloco passional de eleitores, que fazem suas vozes serem ouvidas nas redes sociais.

Stephen Bassett, que faz lobby junto ao governo em assuntos envolvendo extraterrestres, vê uma presidência de Hillary Clinton como uma chance de os Estados Unidos divulgarem tudo o que sabem sobre vida além da Terra. Desde novembro de 2014, a organização de Bassett já enviou cerca de 2,5 milhões de mensagens pelo Twitter a candidatos presidenciais, autoridades eleitas e para a mídia exigindo que o assunto seja discutido seriamente.

"Aquilo foi uma tempestade e agora é como um gotejamento constante", disse Bassett.

O movimento vê, em particular, a decisão de Hillary de corrigir o uso por Kimmel do termo óvni, que alguns consideram carregado e mais enraizado na ficção científica do que na ciência, como um avanço, porque "sugere que ela já foi informada por alguém e não está apenas sendo superficial", disse Buchman.

De fato, Hillary foi informada. Ela foi preparada por seu diretor de campanha, John D. Podesta, que não é apenas uma pessoa respeitada em Washington, já tendo servido como alto conselheiro de Obama e do presidente Bill Clinton, mas também um defensor da divulgação pelo governo de informação sobre fenômenos inexplicados que poderiam provar a existência de vida inteligente fora da Terra.

"Já passou a hora da remoção da cortina sobre o assunto", escreveu Podesta em seu prefácio para o livro de 2010, "UFOs –OVNIs– Militares, pilotos e o governo abrem o jogo", de autoria de Leslie Kean, uma jornalista investigativa.

A posição de Hillary Clinton não é uma resposta política a um sentimento público (63% dos americanos não acreditam em óvnis, segundo uma pesquisa da agência de notícias The Associated Press. Mas reflete décadas de sobreposição entre a ascensão ao poder de Bill e Hillary Clinton e a obsessão na cultura popular com as questões mais misteriosas do universo.
Weekly World News via The New York Times
Em 1996, Hillary Clinton foi ridicularizada depois que Bob Woodward relatou em seu livro, "The Choice" (A escolha, em tradução livre, não lançado no Brasil), que como primeira-dama ela discutiu com seus modelos já falecidos, Eleanor Roosevelt e Mohandas K. Gandhi. O tabloide "Weekly World News" sonhou manchetes sensacionais sobre Hillary Clinton adotando um bebê alienígena e tendo um "ninho de amor em um óvni".

A presidência de Bill Clinton também coincidiu com a série de sucesso "Arquivo X" na televisão e filmes como "Independence Day", que geraram uma era de fascínio pela existência de alienígenas e a possibilidade de um acobertamento pelo governo.

Podesta, um fã de "Arquivo X", mantinha um fã clube para a série na Casa Branca de Clinton. "O fã clube do Arquivo X gostaria de convidar você e Mulder para um almoço na Casa Branca. Não deixe que seu chefe saiba", ele escreveu em um e-mail de 1998, referindo-se aos agentes fictícios do FBI da série, Dana Scully e Fox Mulder, segundo documentos da Casa Branca. Em 1999, foi dada uma festa de aniversário de 50 anos para Podesta com tema de "Arquivo X", que contou com a presença do casal Clinton.

Quando Podesta deixou a Casa Branca no ano passado, antes de seu juntar à campanha de Hillary Clinton, ele postou no Twitter: "Finalmente, meu maior fracasso de 2014: de novo não garantir a divulgação dos arquivos de óvnis. #averdadeaindaestáláfora".

Podesta se recusou a comentar para este artigo.

Hillary, que fala com frequência de suas aspirações de infância de ser astronauta da Nasa (a agência espacial americana), tem simpatia pelos esforços de Podesta.

Em 1995, quando ela foi fotografada visitando Laurance S. Rockefeller, o bilionário filantropo, em Jackson Hole, Wyoming, ela tinha sob seu braço um exemplar de "Are We Alone? Philosophical Implications of the Discovery of Extraterrestrial Life" (Estamos sozinhos? As consequências filosóficas da descoberta de vida extraterrestre, em tradução livre, não lançado no Brasil), de Paul Davies.


Antes daquele encontro, John H. Gibbons, o ex-diretor do Escritório de Políticas de Ciência e Tecnologia da Casa Branca, alertou Hillary sobre Rockefeller, que passou anos pressionando o governo para que divulgasse arquivos relacionados a uma queda em 1947 em uma fazenda perto de Roswell, Novo México, que se transformou na fonte das teorias de conspiração sobre acobertamento de uma espaçonave alienígena. Ele vai querer "conversar com você sobre o interesse dele em percepção extrassensorial, fenômenos paranormais e óvnis", escreveu Gibbons.

Quando Hillary começou a falar abertamente sobre óvnis e revelação pelo governo em sua campanha de 2016, alguns ativistas rastrearam os comentários até o encontro de 1995 com Rockefeller.

Para esse grupo de americanos que dizem que o governo está acobertando o que sabe sobre alienígenas, e que tem voz forte nas redes sociais, a discussão do assunto extraterrestres por Hillary sinaliza uma mudança importante.

Outros ativistas não dão muita atenção à promessa de Hillary de "abrir arquivos", mas sim desejam que políticos proeminentes reconheçam seriamente que os seres humanos podem não ser a única forma de vida inteligente no universo. Para alguns, uma grande vitória seria os candidatos serem perguntados sobre o assunto em um debate presidencial.

"Não deveria ser fonte de embaraço discutir o assunto", disse Christopher Mellon, um ex-funcionário de inteligência do Departamento de Defesa e do Comitê de Inteligência do Senado.

"Deveríamos ser humildes em reconhecer os limites extremos de nosso próprio entendimento da física e do universo."

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