Não haverá reforma ministerial antes de votação do impeachment, diz Dilma
Em meio a especulações sobre uma reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (5) que não deve promover mudanças antes da votação de seu processo de impeachment na Câmara.
"O Palácio do Planalto não está pretendendo transformar qualquer reestruturação ministerial antes de qualquer processo de votação na Câmara. Nós não iremos mexer em nada atualmente", afirmou Dilma em entrevista coletiva após ser questionada se faria uma mudança nos ministérios antes ou depois da votação do impeachment no plenário da Câmara.
O objetivo da reforma ministerial é remontar a base do governo após o desembarque oficial do PMDB.
"Acredito que vocês [jornalistas] têm de ter cuidado porque as especulações que fazem sobre ministérios, sobre mudanças no governo, são absolutamente isso que eu disse especulações: sem base na verdade, sem consulta ao Palácio [do Planalto]. Isso não é bom para o jornalismo. Isso é jornalismo especulativo", completou após visita à Base Aérea de Brasília para ser apresentada ao avião cargueiro KC-390 da Embraer.
De acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo", integrantes da cúpula do governo estudam estender o balcão de negociações de cargos até a votação do impeachment no plenário da Câmara por receio de traições de aliados.
Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", os três partidos que negociam espaços no governo --PP, PR e PSD-- decidiram em conjunto deixar o anúncio da nova configuração de ministérios para depois da votação do impeachment em plenário.
Em sua entrevista, Dilma declarou que "o governo não está avaliando nenhuma mudança hoje", e criticou o que chamou de "factoides" na imprensa a respeito da presidência.
"Isso tem ido desde a minha saúde até as mudanças no governo. Por favor, a gente tem quem se pautar por realismo. Realismo, notícias verídicas", acrescentou.
Novas eleições? "Convença o Congresso e aí fale comigo"
A presidente ainda ironizou a proposta de convocar novas eleições gerais como uma medida para encerrar a crise política. "Convence a Câmara e o Senado a abrir mãos de seus mandatos, aí vem conversar comigo", declarou.
Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", a proposta vem sendo articulada por nove senadores do PSB, PPS e Rede. A ideia ganhou o endosso do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) na segunda-feira.
Em discurso na tribuna do Senado, ele afirmou que a possibilidade equivaleria à antecipação do fim do mandato, e não a renúncia ou impeachment.
Hoje, porém, Dilma demonstrou pouca preocupação com a possibilidade. Segundo ela, aceitar novas eleições seria abrir mão da segunda metade de seu mandato.
"Acho que essas propostas [novas eleições], como várias outras, são propostas. Não rechaço nem aceito", disse ao ser questionada por jornalistas.
Tirar governo não vai pacificar país
Dilma também afirmou uma eventual mudança de governo não será suficiente para pacificar o país e que o Brasil precisa de "um pacto pelo diálogo". "Nenhum governo conseguirá governar o Brasil se não tiver um pacto pelo diálogo, pela estabilidade política."
Ela reclamou das tentativas da oposição de questionar sua vitória nas eleições de 2014 e de interromper seu mandato.
"Criaram toda sorte de problemas. Aí, acham que, ao tirar um governo legitimamente eleito, esse país vai ficar tranquilo, vai ser pacificado. Não é. Quando você rompe um contrato dessa magnitude, que é base do presidencialismo, você rompe contratos em geral, rompe a base da estrutura democrática do país. A instabilidade pode permanecer de forma profunda e extremamente danosa. Quando você tem responsabilidade diante do país, você não cria tumulto desnecessário, sem base."
Dilma citou a instabilidade política como uma das causas da crise econômica e afirmou estar disposta a dialogar. "O governo está inteiramente disposto a abrir o diálogo."
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