terça-feira, 17 de novembro de 2015

SERES HUMANOS PODEM DORMIR POR DIAS NA ESCURIDÃO


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Experiências feitas para testar os efeitos nos seres humanos de viver em isolamento e sem luz solar todas descobriram algo em comum: os ciclos de sono ficam muito mais longos.
Um artigo feito por Julie Beck no jornal The Atlantic comparou os resultados de um número de diferentes pesquisas feitas com pessoas isoladas, e todas envolveram os participantes dormindo por dias e sofrendo tensões mentais agudas.

Semanas? Não, meses

O exemplo mais conhecido é o dos exploradores de cavernas Josie Laures e Antoine Senni. Eles viveram debaixo da terra, em cavernas separadas, durante meses na década de 1960. Quando saíram da solidão, ambos achavam que muito menos tempo tinha passado do que era realmente o caso.
Senni, às vezes, dormia por períodos de 30 horas de uma vez, e acordava acreditando que só tinha tirado uma soneca.
Pesquisadores na superfície mantiveram contato com o par e monitoraram seus sinais para detectar qualquer deterioração na saúde, mas não ofereceram nenhuma pista sobre a passagem do tempo.
Parece que, sem o nascer e o pôr-do-sol para guiar-nos, nossos corpos perdem a noção de quantas semanas e dias estão passando, e de quando deveríamos dormir.
“Eu posso dizer-lhe que se tornou muito difícil no fim (…) No início da minha estadia eu lia, e então eu perdi a vontade. (…) Meu gravador se recusou a funcionar nos primeiros dias, mas depois eu consegui consertá-lo e ouvia música. Fora isso eu tricotava, tricotava e tricotava, e aguardava com expectativa o momento em que finalmente iria ver o sol”, contou Josie Laures à Associated Press na ocasião.

No isolamento do espaço

O experimento de Senni e Laures foi visto como um insight para a situação que astronautas podem ter que enfrentar nas suas viagens longas e solitárias no espaço, uma preocupação que foi recentemente trazida de volta à tona, conforme a NASA se prepara para enviar uma missão tripulada a Marte.
Estar em uma nave espacial não é bem como estar em uma caverna, mas há semelhanças.
Ao que tudo indica, quando não há mais nada a se fazer, nós simplesmente dormimos muito. As pesquisas mostram que os ciclos de sono podem se estender a 48 horas. Caso algum sistema de sono criogênico profundo seja desenvolvido para o envio de astronautas aos confins do espaço, parece que nossos corpos irão fornecer um ponto de partida natural.
O sono é apenas uma das consequências possíveis da solidão, aliada a escuridão. Ainda precisamos entender melhor os efeitos do isolamento na psique humana, mas essas experiências certamente são um bom começo. [ScienceAlert]

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