sexta-feira, 9 de outubro de 2015


Pesquisadores criam 'Atlas' para encontrar vida fora da Terra

índice de habitabilidade para encontrar vida fora da Terra
09/10/15 O 'índice de habitabilidade' ajudará na busca por vida em nossa Galáxia...




Astrônomos do Laboratório Planetário Virtual da Universidade de Washington criaram uma maneira de comparar exoplanetas, e classificá-los, a fim de diferenciar qual (ou quais) dos milhares descobertos merece uma inspeção profunda em busca de vida extraterrestre.

A nova métrica ganhou o nome de "Índice de Habitabilidade de Planetas em Trânsito", e foi aceito para publicação na renomada revista The Astrophysical Journal. Os responsáveis pelo novo estudo são os professores de astronomia Rory Barnes e Victoria Meadows, com ajuda da assistente de pesquisa e co-autora Nicole Evans.

"Basicamente nós desenvolvemos uma maneira de agrupar todos os dados observacionais disponíveis e desenvolver um esquema de priorização", disse Barnes. "Assim, à medida que avançamos na classificação, chegará um momento em que teremos apenas 100 alvos potenciais, e poderemos dizer, 'OK, é aqui que devemos começar as buscas."

O telescópio espacial Kepler permitiu aos astrônomos detectar milhares de exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar). E pra continuar esse trabalho com maestria, o Telescópio Espacial James Webb, previsto para lançamento em 2018, aumentará drasticamente a nossa capacidade de busca por vida, já que será o primeiro equipamento capaz de medir a composição da atmosfera de um exoplaneta rochoso, e realmente encontrar uma possível Terra 2.0, por exemplo.

Hubble e James Webb telescope comparison
Comparação entre os telescópios espaciais Hubble (esquerda) e James Webb (direita). Ao lado do homem,
podemos ver o tamanho dos espelhos primários de cada telescópio.
Créditos: divulgação

Uma dos métodos mais utilizados na detecção de exoplanetas é o chamado trânsito planetário, onde um objeto é detectado quando ele passa na frente de sua estrela hospedeira, fazendo com que ela perca luminosidade por ter sido eclipsada. O Transiting Exoplanet Survey Satellite, ou TESS, está programado para lançamento em 2017 e vai encontrar muitos mundos desta forma. Mas é o telescópio James Webb que realmente vai ser capaz de estudar planetas de perto, em uma busca incrível pela vida.

Por outro lado, o acesso a esses telescópios é muito caro e demorado, e é justamente aí que entra o índice criado pelo Laboratório Planetário Virtual. A ferramenta ajudará os astrônomos a decidir quais planetas tem mais chances de abrigar vida, e portanto, quais terão prioridade na utilização dos limitados e caros recursos que serão concentrados em um trabalho intenso.

Uma das maneiras de saber se um exoplaneta poderia abrigar vida (da forma que conhecemos) é encontrar aqueles que encontram-se na "zona habitável" (ou zona Goldilocks), uma região em que o planeta está a uma distância não muto próxima de sua estrela, e nem muito distante... ou seja, na distância certa para que a água permaneça no estado líquido em sua superfície, o que aumenta as chances de hospedar vida. Mas até agora, este era apenas uma forma básica de saber se um planeta poderia ter ou não água líquida em sua superfície.

O novo índice é mais aprimorado, com valores diversos que podem ser introduzidos em um formulário do Laboratório Planetário Virtual, o que mostrará qual é o índice de habitabilidade em um único número, representando a probabilidade que um planeta tem de manter a água líquida em sua superfície, e portanto, as chances de abrigar vida.

comparação entre planeta Terra e irmão gêmeo
Ilustração artística faz uma comparação entre o planeta Terra e o exoplaneta Kepler-452b, o mais parecido
com a Terra já encontrado. Créditos: NASA / Ames / JPL-Caltech

O índice conta com uma variável chamada de "excentricidade-albedo degenerescência", ou seja, o equilíbrio entre o albedo de um planeta (refletividade) em conjunto com sua órbita. Funciona assim: quanto maior é o albedo de um planeta, mais luz e energia está sendo refletida para o espaço, e por isso esse planeta deveria estar em uma região mais próxima da zona habitável... já um planeta com albedo baixo, reflete uma menor quantidade de energia, o que criaria um certo efeito estufa, portanto seria mais interessante se ele estivesse mais distante de sua estrela dentro da zona habitável. Além disso, o índice também calcula a excentricidade de cada órbita, com cálculos e suposições precisas, a fim de fornecer um valor real da probabilidade de vida.

Barnes, Meadows e Evans já classificaram os planetas encontrados pelo Telescópio Espacial Kepler em suas primeiras missões, e descobriram que os melhores candidatos pára abrigar vida são aqueles planetas que recebem cerca de 60% ou 90% da radiação que a Terra recebe do Sol.

"Este passo inovador nos permite ir além do conceito de zona habitável bidimensional, e inclui várias características observáveis e fatores que afetam a habitabilidade de um planeta", disse Meadows. "O poder do índice de habitabilidade vai crescer à medida que aprendermos mais sobre exoplanetas, seja em observações ou em teorias."

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