Um limite crítico do clima mundial foi permanentemente ultrapassado
Pela primeira vez na história da humanidade, as concentrações atmosféricas de CO2 excederam 400 partes por milhão (ppm) em 2015. De acordo com um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial, a expectativa é que essa marca seja atingida novamente este ano, assim como todos os anos seguintes, por um longo período.
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A importância dos 400 ppm
400 ppm é um das fronteiras simbólicas mais importantes da mudança climática, junto com a fronteira do aquecimento dos dois graus, que líderes mundiais se comprometeram a não ultrapassar quando assinaram o acordo climático de Paris no ano passado.
Porque os 400 ppm são tão importantes? É um belo número redondo, e mais do que isso, é um nível de concentração de CO2 que a nossa atmosfera não atinge há mais de três milhões de anos, ou seja, durante toda a existência da nossa espécie.
A última vez que nossa atmosfera teve tanto carbono foi durante o Plioceno – última época do antigo período Terciário da era Cenozoica – quando o nível dos oceanos estava 20 metros maior do que hoje.
Como as alterações no nível do mar, a acidificação dos oceanos, e outras consequências de uma atmosfera cheia de carbono demoram para se recuperar, ultrapassar os 400 ppm nos prende a um certo nível de impactos climáticos, a menos que possamos descobrir como recapturar esse CO2 e nos livrarmos dele.
Difícil de reverter
Se você estiver atento, saberá que essa não é a primeira vez que ouvimos falar que a marca simbólica dos 400 ppm é um fato consumado. Em junho, o Gizmodo publicou que os fortes eventos do El Niño do ano passado fizeram com que a atmosfera chegasse a esse nível de concentração em 2015. E no mês passado, período em que o carbono atmosférico costuma atingir seus menores níveis anuais, o observatório climático Mauna Loa não registrou níveis menores que 400 ppm, garantindo que o cenário se repetirá em 2016.
“É improvável que vejamos o CO2 abaixo dos 400 ppm durante a nossa vida e provavelmente durante muito tempo” disse Pieter Tans, cientista do Global Greenhouse Gas Reference Network da NOAA, em um comunicado no mês passado.
Com a publicação do último Boletim de Gases de Efeito Estufa da Organização Meteorológica Mundial, o fato de vivermos permanentemente num mundo com concentrações acima dos 400 ppm parece estar institucionalizada. Além disso, o boletim nota que gases de efeito estufa mais potentes, como o metano e óxido nitroso, também atingiram níveis mais altos em 2015.
Os níveis atmosféricos de metano agora estão 256% mais altos do que a concentração pré-industrial e são responsáveis por quase 20% do aquecimento provocado pelo efeito de estufa.
Além disso, a Organização Meteorológica Mundial alerta que as florestas e oceanos que atualmente absorvem metade das emissões de carbono “podem ficar saturadas” no futuro, acelerando a acumulação de CO2 na nossa atmosfera.
Mas existe uma boa notícia: o acordo climático de Paris entra oficialmente em vigor na semana que vem. No começo desse mês, líderes mundiais concordaram em eliminar progressivamente os hidrofluorocarbonetos (HFC), gases de refrigeração que são 2 mil vezes mais potentes do que o CO2 quando se trata de manter o calor na atmosfera.
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