Temer: Se tivesse cometido delito citado por Machado, não teria mais condições de presidir o País
Ex-presidente da Transpetro indicou suposto desvio de R$ 1,5 milhão para campanha eleitoral
O presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), afirmou nesta quinta-feira (16) que as declarações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, sobre suposta propina arrecadada pelo peemedebista em favor do então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo em 2012, Gabriel Chalita, são "irresponsáveis", "criminosas" e "mentirosas".
Temer convocou a imprensa hoje para se defender das acusações. O peemedebista disse ainda que, se tivesse cometido esse delito, não teria mais condições de presidir o Brasil, ainda que interinamente.
— Manifestação irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa do cidadão Sérgio Machado. Quero dizer aos senhores e senhoras que eu falo, em primeiro lugar como homem, como ser humano, para dizer que a nossa honorabilidade está acima de qualquer outra função ou tarefa pública que eu exerça ou venha a exercer.
Temer, em seguida, avisou que não vai "deixar passar em branco" as afirmações "levianas" do seu acusador. "Quero me dirigir ao povo brasileiro para dizer que não deixarei passar em branco essas afirmações levianas que eu acabei de mencionar". Depois de falar como "ser humano", Temer disse que falaria como "presidente da República em exercício".
— É claro que uma coisa está muito ligada à outra: aquele que teria cometido aquele delito irresponsável que o cidadão Machado apontou não teria mais condições de presidir o País. Por isso que a primeira palavra que disse foi precisamente o homem para poder andar nas ruas do meu Estado e do meu Brasil para receber os cumprimentos e homenagens que tenho recebido neste último mês, por todos os lugares por onde passo. Não deixar a afirmação de que eu pratique atos malfeitos.
Ontem, o STF (Supremo Tribunal Federal) tornou pública a delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Ele disse que Temer pediu recursos ilegais para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012. Pelo menos R$ 1,5 milhão teria ido para a campanha de Chalita em São Paulo por intermédio de Temer.
Ex-senador pelo PMDB do Ceará e ex-presidente da subsidiária da Petrobras por 11 anos (2003 - 2014), Machado disse, em delação, que "o contexto da conversa deixava claro que o Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita".
De acordo com o delator, o atual presidente interino lhe disse que estava com problema no financiamento da candidatura de Chalita e perguntou se ele poderia ajudar.
Sobre as denúncias de desvios de recursos públicos em benefício de campanhas eleitorais, o presidente interino disse que sempre "surge um fato leviano como esse que pode embaraçar a atividade governamental".
— Quero registrar em alto e bom som: nada embaraçará nosso desejo, nossa missão e nossa tarefa de fazer que nesse período em que estou à frente da Presidência da República, com equipe econômica e de relações exteriores extraordinárias, com um ministério muito adequado, nada atrapalhará que a gente trabalhe em prol do povo brasileiro.
Aqui é trabalho!
Após se defender das críticas, Temer destacou as conquistas do governo provisório iniciado há pouco mais de um mês. Os principais esforços, segundo o presidente interino, são para tirar o Brasil da "crise profunda em que mergulhou".
— Quero dizer que ao longo desse mês praticamos os mais variados gestos com vistas para tirar o País da crise profunda em que mergulhou. Não só eliminamos ministérios, eliminamos mais de 4.200 cargos de livre nomeação, eliminamos mais de 10.200 cargos comissionados, tivemos uma relação muito fértil com o Congresso Nacional, temos hoje uma base parlamentar que revela que o País está em harmonia para governar. Entre Executivo e Legislativo, é fundamental para o País essa relação.
Temer também destacou a entrega ao Congresso Nacional da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê um teto para os gastos públicos para os próximos 20 anos.
— Ainda ontem, avançamos em um novo plano fiscal que, como pude perceber no noticiário de hoje, é dos mais adequados para o momento em que passa o País. Tivemos a coragem e a ousadia de propor um plano que põe um teto para os gastos públicos. Por uma razão singela: temos um déficit extraordinário de R$ 170 bilhões, sem contar a dívida pública, que chega a quase R$ 400 bilhões. [...] É um projeto de uma seriedade extraordinária.
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