sexta-feira, 17 de junho de 2016

Doce solar: astrônomos descobrem açúcar em estrela distante


Se você pensou que o açúcar que colocamos em nosso cafezinho diário era produzido única e exclusivamente a partir dos vastos canaviais brasileiros, então é melhor rever seus pensamentos. Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que a doce substância também pode ser encontrada ao redor de algumas estrelas.
Formação estelar Rho Ophiuchi
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As moléculas de açúcar foram encontradas no gás que circunda a jovem estrela IRAS 16293-2422, localizada a 400 anos-luz de distância da Terra e de acordo com os pesquisadores esta é a primeira vez que a substância é descoberta no espaço ao redor de uma estrela deste tipo. Para os cientistas, a descoberta indica que os blocos que constituem a vida se encontravam no local certo e no momento certo e poderiam ser incluídos nos planetas que estavam prestes a se formar em torno da estrela.
A descoberta foi feita pela equipe do cientista Jes Jørgensen, ligada ao Instituto Niels Bohr, na Dinamarca e foi aceita para ser publicada no periódico especializado Astrophysical Journal Letters. De acordo com o artigo, os estudos indicaram a presença de moléculas de glicoaldeído - uma forma simples de açúcar - no gás que circunda a estrela e apesar do glicoaldeído já ter sido observado anteriormente no espaço interestelar, essa é primeira vez que foi detectado tão perto de uma estrela do tipo solar, em uma distancia comparável à separação entre Urano e o Sol.
"O açúcar que encontramos no gás ao redor da estrela não é muito diferente do açúcar que colocamos em nosso cafezinho" explica Jørgensen.
Para o pesquisador, a descoberta de das moléculas de glicoaldeído pode abrir uma nova linha na pesquisa por vida em outros planetas, já que esta molécula é um dos ingredientes na formação do RNA, que da mesma forma que o DNA, que tal como o DNA, ao qual está ligado - é um dos blocos constituintes da vida.

Radiotelescópio
Em seus estudos, a equipe de Jørgensen utilizou os dados captados pelo radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), instalado no topo do deserto do Atacama, nos Andes chilenos e recebidos durante a fase de Verificação Científica do instrumento.
Segundo a coautora dos estudos, Cécile Favre, a alta sensibilidade do instrumento nos comprimentos de onda mais curtos nos quais opera foi fundamental nestas observações.

Emissões
A proximidade da estrela IRAS 16293-2422 do nosso planeta a um excelente alvo para os astrônomos que estudam as moléculas e a química em torno de estrelas jovens.
Assim que uma estrela se forma no meio de uma nuvem de gás e poeira em rotação, esta aquece as regiões internas da nuvem e evapora as moléculas quimicamente complexas, formando gases que emitem radiações em diversos comprimentos de onda. Com a ajuda de radiotelescópios poderosos como o ALMA essas emissões podem ser captadas e mapeadas, permitindo aos cientistas estudarem os detalhes das nuvens de gás e poeira que forma os novos sistemas planetários.
"O que é verdadeiramente excitante nestes resultados é que as observações com o ALMA revelaram que as moléculas de açúcar estão caindo em direção a uma das estrelas do sistema", disse Favre. "Além das moléculas de açúcar estarem no local certo para encontrarem o seu caminho até um planeta, estão também se deslocando na direção correta e isso é fantástico!".
Apesar da importância da descoberta, os pesquisadores ainda não sabem ao certo como trazer o açúcar celeste ao nosso tradicional café matinal.

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