Lava Jato denuncia Gim Argello e donos da OAS, Odebrecht e UTC
- Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão ConteúdoO ex-senador Gim Argello (PTB-DF), preso na 28ª fase da Operação Lava Jato
A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da empreiteira Odebrecht, Ricardo Pessoa, dono da UTC, e Léo Pinheiro, presidente da OAS. Outras 16 pessoas também foram denunciadas, como o publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, e o empresário Ronan Maria Pinto.
De acordo com as investigações, os acusados cometeram crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e obstrução à investigação.
Os procuradores vão apresentar em instantes as novas denúncias nesta sexta-feira (6), em um hotel em Curitiba. Na denúncia, os procuradores ainda pedem o confisco de R$ 7,5 milhões e 200 mil euros e multa de R$ 70 milhões, correspondente ao dobro dos valores totais de propinas.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), os acusados promoveram o pagamento de vantagens indevidas entre abril e dezembro de 2014, a fim de obstruir os trabalhos de CPIs, tanto na Câmara Federal quanto no Senado. As acusações são um desdobramento da 28ª fase da Lava Jato, conhecida como Vitória de Pirro.
Além de Argello, o MPF denunciou Ronan Maria Pinto, empresário de Santo André, e outras oito pessoas envolvidas em crimes de lavagem de dinheiro de R$ 6 milhões, provenientes de um empréstimo fraudulento do Banco Schahin.
O valor representa a metade do empréstimo de R$ 12 milhões enviado a José Carlos Bumlai, que teria repassado parte do valor ao PT, em 2004. O caso é decorrente da 27ª fase da operação, deflagrada em 1º de abril e conhecida como Carbono 14.
Segundo evidências levantadas pelo MPF, Ronan estaria extorquindo representantes do PT por razões ainda não confirmadas, mas que podem ter ligação com o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002.
Deflagrada em 12 de abril, a 28ª fase da Lava Jato foi realizada em três Estados e prendeu preventivamente o senador.
Argello começou a ser investigado em razão de denúncias da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que afirmou que ele cobrava propina para não convocar executivos de empreiteiras para a CPI da Petrobras.
O senador negou as acusações, mas ainda está preso.
De acordo com o MPF, a construtora UTC Engenharia pagou R$ 5 milhões, enquanto a OAS, R$ 350 mil. Na delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da UTC, ele contou que Argello teria orientado até mesmo na divisão dos valores: R$ 1,7 milhão ao DEM do Distrito Federal, R$ 1 milhão ao PR do DF, R$ 1,15 milhão ao PMN do DF e R$ 1,15 milhão ao PRTB do DF.
A PF também encontrou mensagens no celular do presidente do Grupo OAS, Léo Pinheiro, relacionadas ao senador. Pinheiro aceitou fazer delação premiada após a condenação de 16 anos de prisão. Esses pagamentos teriam sido apelidados de "dinheiro para paróquia".
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