segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Semana agitada no Sistema Solar

POR SALVADOR NOGUEIRA
O divertido de ser uma civilização espacial é que sempre tem alguma coisa acontecendo em algum lugar. Dê uma olhada no que rolou por esses dias e no que ainda está para acontecer por aí, em nosso Sistema Solar.
A Terra e a Lua vistas pela Hayabusa2 em 26 de novembro, dias antes de seu sobrevoo por nosso planeta (Crédito: Jaxa)
A Terra e a Lua vistas pela Hayabusa2 em 26 de novembro, dias antes de seu sobrevoo por nosso planeta (Crédito: Jaxa)
TERRA
Na última quinta-feira (3), a sonda japonesa Hayabusa2 fez um sobrevoo da Terra, obtendo algumas imagens encantadoras do pálido ponto azul e sua companheira cósmica, a Lua. A missão tem por objetivo pousar no asteroide Ryugu e então colher amostras de sua superfície para depois trazê-las de volta à Terra. Se a missão predecessora, Hayabusa, servir de termômetro, teremos grandes emoções pela frente. No momento, a boa notícia é que deu tudo certo: como previsto, o veículo passou a cerca de 3.000 km da superfície terrestre, sobre o Havaí, e usou a gravidade do planeta para colocá-la a caminho de seu destino, onde deve chegar em 2018.
Nessa mesma quinta-feira, a ESA (Agência Espacial Europeia) lançou com sucesso a espaçonave LISA Pathfinder, cujo objetivo é testar tecnologias que possibilitem a detecção de ondas gravitacionais no espaço. Previstas pela teoria da relatividade geral, as ondas gravitacionais podem abrir janelas para a exploração de objetos misteriosos do zoológico cósmico, como pulsares binários e buracos negros. No limite, talvez um dia seja possível detectar até mesmo as ondas gravitacionais produzidas pelo Big Bang! Mas não hoje. O LISA Pathfinder marca só o primeiro teste das tecnologias requeridas para esse tipo de detecção. O lançamento deu certo, e os sistemas da espaçonave serão colocados em funcionamento nas próximas duas semanas.
Como se não bastasse tudo isso, neste domingo (6), vulgo “hoje”, às 19h44, a empresa americana Orbital ATK lançou seu cargueiro Cygnus para reabastecer a Estação Espacial Internacional. A missão especialmente importante porque marca o retorno aos voos da Cygnus (embora com um foguete diferente) após o acidente ocorrido no ano passado. Em vez de usar o foguete Antares, que é da própria Orbital e está sendo reformulado, a empresa preferiu ir desta vez com o mais confiável Atlas V.
Concepção artística da Akatsuki em órbita de Vênus. Dedos cruzados na segunda-feira! (Crédito: Jaxa)
Concepção artística da Akatsuki em órbita de Vênus. Dedos cruzados na segunda-feira! (Crédito: Jaxa)
VÊNUS
Na segunda-feira (7), a sonda japonesa Akatsuki tentará entrar em órbita do “gêmeo mau” da Terra, a gloriosa Estrela D’Alva. Pela segunda vez, inclusive. Há exatamente um ano, a niponave tentou se estabelecer ao redor de Vênus, mas “faiô”. Mas, sabe como é, o Sistema Solar dá voltas, e quem está nele também. Agora apareceu uma nova chance, e está tudo no esquema para a tentativa. Não será a mesma órbita de antes — o que obrigou a missão a reformular seus objetivos científicos –, mas é sempre recompensador ter uma sonda orbitando um planeta vizinho.
Os misteriosos pontos brilhantes de Ceres, na cratera Occator, em nova imagem da Dawn (Crédito: Nasa)
Os misteriosos pontos brilhantes de Ceres, na cratera Occator, em nova imagem da Dawn (Crédito: Nasa)
CERES
A espaçonave americana Dawn segue reduzindo sua órbita em torno do misterioso planeta anão Ceres, o rei do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Depois de fazer uma varredura completa a aproximadamente 1.500 km da superfície, em meados de dezembro ela chegará à órbita final, de menos de 400 km. Os terráqueos seguem intrigados pelos pontos brilhantes da cratera Occator, e a Nasa acaba de divulgar uma nova imagem deles, vistos de 1.470 km de altura, mas de um ângulo diferente. E em alguns dias teremos a publicação, na revista “Nature”, do primeiro trabalho científico consolidado sobre essa estranha formação. Eu já sei o que diz o artigo, mas se te contar terei de matar você também. ‘Guente firme.
JÚPITER
A Nasa também tem uma espaçonave a caminho de Júpiter, a Juno. Ela deve chegar lá no ano que vem, mas uma iniciativa interessante acaba de ser divulgada pela agência espacial americana: ela está pedindo ajuda do público para o processamento de imagens da câmera da sonda, além da seleção de alvos de interesse entre as nuvens do gigante gasoso. É basicamente uma iniciativa para recrutar entusiastas e criar uma imensa equipe virtual de gerenciamento da JunoCAM. Você pode ler mais sobre a iniciativa (em “ingrish”) aqui.
A fronteira norte da Sputnik Planum, em Plutão, entre montanhas e dunas. (Crédito: Nasa)
A fronteira norte da Sputnik Planum, em Plutão, entre montanhas e dunas. (Crédito: Nasa)
PLUTÃO
O pessoal da New Horizons ficou feliz da vida na sexta-feira (4), ao divulgar algumas das melhores imagens produzidas pela sonda em seu sobrevoo de Plutão, em 14 de julho. Essas provavelmente serão as imagens de mais alta resolução de detalhes da superfície plutoniana que teremos em muitas décadas. Estonteantes paisagens de montanhas, planícies, dunas e crateras do intrigante planeta anão.
Terreno esburacado ao norte da Sputnik Planum, com crateras de vários tamanhos. (Crédito: Nasa)
Terreno esburacado ao norte da Sputnik Planum, com crateras de vários tamanhos. (Crédito: Nasa)
As "Badlands" de Plutão, em imagem de alta resolução da New Horizons. (Crédito: Nasa)
As “Badlands” de Plutão, em imagem de alta resolução da New Horizons. (Crédito: Nasa)
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