sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Equação de Drake: quantas civilizações inteligentes poderiam existir em nossa Galáxia?

equação de drake
04/12/15 Quantas civilizações extraterrestres poderiam estar tentando comunicação neste exato momento?

Certamente você já deve ter ouvido falar na famosa "Equação de Drake". Pra quem não a conhece, trata-se de um cálculo criado pelo astrônomo norte-americano Frank Drake, em 1961, que tem como objetivo estimar a quantidade de civilizações extraterrestres ativas na Via Láctea, que teriam a capacidade de estabelecer uma comunicação.

De acordo com o Instituto de Pesquisa de Inteligência Extraterrestre (SETI), esse cálculo geralmente é descrito como:

equação de drake - vida inteligente


Mesmo que você não seja um mestre em matemática, não é difícil entender a base desse cálculo. Veja:

N = número de civilizações na Via Láctea que poderíamos estabelecer contato

R * = A taxa de formação de estrelas em nossa Galáxia
fp = A fração de estrelas com sistemas planetários
ne = O número de planetas, por sistema estelar, com um ambiente adequado para a vida
fl = A fração de planetas adequados em que a vida realmente possa se desenvolver
fi = A fração de planetas que desenvolvem vida inteligente
fc = A fração de planetas com vida inteligente e que têm o desejo e os meios necessários para estabelecer comunicação
L = O tempo esperado de vida de tal civilização

O grande desafio é que, até agora, os astrônomos não possuem os números exatos dessas variáveis, portanto, qualquer cálculo sobre a equação de Drake não passa de uma estimativa aproximada. Por outro lado, Drake forneceu alguns valores baseados em suas pesquisas:

R* - estimado em 7/ano
fp – estimado em 0,5
ne – estimado em 2
fl – estimado em 0,33
fi – estimado em 0,01
fc – estimado em 0,01
L – estimado como sendo 10.000 anos

De acordo com dados de Drake, se considerarmos apenas as estimativas acima, que são as mais conservadoras e pessimistas, chega-se ao cálculo:

N = 7 × 0,5 × 2 × 0.33 × 0,01 × 0,01 × 10 000 = 2,31

Frank Drake
Astrônomo e astrofísico Frank Donald Drake. Créditos: SETI / Frank Drake
Ou seja, na visão mais conservadora, com os menores números possíveis, chegamos a um resultado médio dizendo que existem na Via Láctea, neste exato momento, cerca de 2 civilizações inteligentes capazes de se comunicar com o ser-humano. Já de acordo com cálculos menos tímidos, outros cientistas menos conservadores chegaram a resultados que variavam de 1.000 até 100.000.000 de civilizações extraterrestres inteligentes vivas atualmente em nossa Galáxia, capazes de comunicação extraplanetária.

O astrônomo Frank Drake tornou-se a primeira pessoa a iniciar uma busca sistemática por sinais de vida inteligente no Universo. Usando o Observatório Nacional de radioastronomia, na Virgínia, EUA, ele criou o projeto que chamava de Projeto Ozma. Drake investigou duas estrelas semelhantes ao Sol: Episilon Eridani e Tau Ceti. Ele foi capaz de escanear frequências próximas de 21 centímetros de comprimento de onda durante seis horas por dia, de Abril até Julho de 1960. O projeto era bem simples, barato e bem elaborado para os padrões modernos, porém, não foi capaz de obter respostas ou pistas.


A busca por exoplanetas e a solução da Equação de Drake

Os astrônomos certamente já imaginavam a existência de planetas fora do Sistema Solar em 1961, mas foi somente em 1992 que o primeiro planeta extrassolar foi descoberto (pelo astrônomo polonês Aleksander Wolszczan), orbitando um Pulsar (PSR 1257+12). Em 1995 o primeiro planeta extrassolar orbitando uma estrela de sequência principal foi confirmado. Chamado de 51 Pegasi b, sua descoberta marcou o início de uma nova era na busca por vida fora da Terra. Não demorou para que dezenas e centenas de outros mundos fossem descobertos nos confins da Via Láctea.

Estimar o número de planetas existentes no Universo não é uma tarefa fácil, mas algumas estatísticas sugerem que na Via Láctea, cada estrela tem uma média de 1,6 planetas, fazendo com que o número de planetas alienígenas chegue aos incríveis 160 bilhões, isso se existirem apenas 100 bilhões de estrelas na Galáxia. Algumas estimativas consideram cerca de 200 bilhões de estrelas, ou até mais...


Quantos mundos podem abrigar vida?

observatório arecibo, porto rico
Observatório do Arecibo, em Porto Rico, utilizado pelo astrônomo
Aleksander Wolszczan na descoberta do primeiro exoplaneta. 
Créditos: SETI      /      Clique na imagem para ampliar
A maioria dos planetas descobertos possuem tamanhos iguais ao de Júpiter, ou maiores, mas isso acontece porque quanto maior for o tamanho do planeta, mais fácil de ser detectado. Uma série de descobertas também mostram panetas chamados de Super Terras, que são ligeiramente maiores do que o nosso, e são considerados por muitos astrônomos como habitáveis. A habitabilidade de um planeta leva em consideração a distância entre ele e sua estrela-mãe, a fim de aumentar suas possibilidades de deter uma atmosfera e de possuir condições climáticas favoráveis.

Encontrar vida fora da Terra (até mesmo vida microbiana), seria um passo muito importante para uma melhor compreensão e resolução da Equação de Drake. Alguns mundos, como Marte e a lua Europa de Júpiter, por exemplo, podem ter abrigado vida no passado, ou pode até mesmo abrigar vida atualmente.

E falando em Equação de Drake, seria impossível não falar sobre o Paradoxo de Fermi, criado pelo físico italiano Enrico Fermi, que durante um almoço com seus colegas em 1950, fez a seguinte indagação:

"A idade do Universo e seu vasto número de estrelas sugerem que a Terra seja um planeta típico, portanto, a vida deveria ser comum no cosmos.
Mas se existem tantos tipos de vida espalhadas pela Via Láctea, e sobretudo, por todo o Universo, por que evidências de espaçonaves e sondas não são vistas?"

Parte do Paradoxo de Fermi poderia ser explicado pelas imensas distâncias entre estrelas e planetas no Universo, mas apesar disso, ainda não conseguimos encaixar todas as peças desse quebra-cabeças, mas é justamente pela sede de respostas que cientistas buscam evidências Universo afora.

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