Conselho de Ética aprova processo contra Eduardo Cunha
Presidente da Câmara é acusado de quebra de decoro na CPI da Petrobras
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados votou nesta terça-feira (15) pela continuação do processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo placar de 11 votos favoráveis e 9 contrários.
Aliados de Cunha chegaram a tentar, mais uma vez, pedir vista do processo para postergar a votação, mas não conseguiram. Agora, o parlamentar tem o prazo de dez dias úteis para apresentar a defesa.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) foi procurado pelos deputados Hugo Motta (PMDB-PB) e André Moura (PSC-SE) — aliados do presidente da Câmara — que teriam, segundo Delgado, oferecido a possibilidade de voltar atrás de todas as ações para barrar o processo na Casa em troca do adiamento. Para isso, queriam a votação do parecer prévio na quinta-feira (17). Eles temiam a votação do parecer de Marcos Rogério exatamente no dia da busca e apreensão nas casas do peemedebista.
Segundo fontes, Cunha deu ordem para seus aliados retirarem todos os três requerimentos de adiamento da sessão e "irem para o pau".
Em plenário, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) disse que os aliados de Cunha tinham a orientação de votar com o relatório, mas devido à não concessão de vista, eles optaram por votar contra o parecer prévio.
Cunha é alvo de representação por suposta quebra de decoro parlamentar. No dia 13 de outubro, o PSOL e a Rede Sustentabilidade protocolaram pedido de cassação do mandato do peemedebista, argumentando que ele mentiu durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras ao afirmar que não mantinha contas bancárias no exterior.
No entanto, a PGR (Procuradoria-Geral da República) confirmou a existência de ativos na Suíça em nome do deputado e de familiares dele. O valor total seria perto de US$ 5 milhões (quase R$ 20 milhões segundo a cotação atual do dólar).
A “tropa de choque” do presidente da Câmara havia conseguido adiar a votação do relatório por sete vezes. Na última sessão, conseguiram destituir o então relator, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), por meio de uma decisão do vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA).
O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) foi escolhido para o cargo, na última quarta-feira (9). Ele fez adaptações e apresentou um novo parecer na manhã de hoje.
O dia de Eduardo Cunha já havia começado bem antes da decisão do Conselho de Ética, quando policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na residência oficial dele, em Brasília. Foram recolhidos documentos e celulares, com autorização do Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Operação Lava Jato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário