"Playboy" americana deixará de publicar fotos de mulheres totalmente nuas
- ReproduçãoCapa da primeira "Playboy" teve Marilyn Monroe como destaque, em 1953
A partir de março de 2016, a revista "Playboy" americana vai passar por uma reformulação e eliminar todo conteúdo com nudez das páginas, marca da publicação desde a sua criação, em 1953. A publicação continuará a publicar fotos de mulheres em poses sensuais, mas sem nudez, explicou o diretor da Playboy Scott Flanders ao jornal "The New York Times".
Em agosto de 2014, a Playboy já havia removido de seu site todas as fotos nuas, o que fez com que a média de idade de seus leitores online passasse de 47 a 30 anos, e o número de visitas aumentasse quatro vezes, de 4 milhões a 16 milhões por mês.
Os executivos da revista disseram ao jornal americano "The New York Times" que com a internet a nudez na revista não faz mais sentido. Segundo o jornal, revistas de pornografia, "mesmo as respeitadas como a Playboy, perderam seus valores comercial e de choque e sua relevância cultural".
Flanders, disse que a "conjuntura" teve de ser "superada", pois agora "você está a um clique de distância de todo o conteúdo sexual possível".
Segundo o editor Cory Jones, a "Playboy" terá uma colunista "mulher e pró-sexo" e seguirá com sua tradição de um jornalismo investigativo, entrevistas com profundidade e ficção. "Não me entenda mal. Meu eu de 12 anos está muito decepcionado com o meu eu de hoje. Mas essa é a coisa certa a fazer", disse Jones.
Em 1975, a revista fundada por Hugh Hefner vendia cerca de 5,6 milhões de exemplares no território americano, hoje não chega a 800 mil. Estrelas como Sharon Stone, Madonna, Lindsay Lohan e Marilyn Monroe já estamparam a capa da revista. A decisão foi tomada durante uma reunião de Cory Jones com Hugh Hefner, que concordou com as mudanças.
Entrevistas e literatura
Apesar de ser conhecida principalmente pela publicação de fotos de mulheres nuas, a Playboy também publicou ao longo dos anos entrevistas com grandes figuras da história.
Foi em suas páginas que Martin Luther King disse que "a América é hoje uma nação muito doente", que Malcolm X discutiu a luta pelos direitos dos negros, e que o músico de jazz Miles Davis explicou que, para os negros, "seria muito melhor se o racismo desaparecesse, se pudéssemos nos livrar desta úlcera que atormenta o estômago". Ou ainda que o futuro presidente americano Jimmy Carter reconhecesse ter interesse em outras mulheres "em seu coração".
Sua entrevista com John Lennon e Yoko Ono, por uma terrível coincidência, estava nas bancas quando o ex-Beatle foi assassinado, em dezembro de 1980.
A revista também publicou contos de escritores famosos, como Vladimir Nabokov, Margaret Atwood ou Haruki Murakami e imagens de fotógrafos famosos como Helmut Newton e Annie Leibovitz.
*Com agências internacionais
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